Odeio quando você vê que o leite está no final, que não dá nem para a metade de um copo e mesmo assim não pega outro pra pôr na geladeira; odeio quando o papel higiênico acaba e você desenrola outro puxando o fio errado, fazendo a folha dupla virar tripla e sempre restar uma fina sobrando. Odeio quando caio no sono lendo um livro e você entra no quarto fazendo barulho; odeio quando você acende a luz na minha cara. Odeio quando futuca a minha bolsa e come a minha ultima barrinha de cereal; odeio quando pega as moedas que deixo nos jeans largados no
sofá. Odeio esse seu orgulho tão aparente e que você não faz nada para esconder; odeio quando me olha de longe como de quisesse estar perto, mas só para não ser o primeiro a dar o braço a torcer, não o faz. Odeio quando vê que meu celular está carregando e o tira para por o seu
mesmo sabendo que não tenho um puto de bateria e preciso dele funcionando durante todo o dia seguinte. Odeio quando você pede um pedaço do meu sanduíche logo quando ele está no final e eu estou tão faminta. Odeio achar seus dentes tortos um charme, quando a primeira coisa que
reparo num homem é o sorriso. Odeio sua mania de por uma mão no bolso, deixar a cabeça tombar levemente para trás, segurar um wísky na outra mão e me olhar como se pudesse ler o âmago de meu ser. Odeio amar a deliciosa sensação que é ter seus dedos traçando a linha da minha clavícula, descendo pelas laterais do meu braço, parando em minha cintura e apertando-me contra você. Odeio saber que cada pelo do meu corpo se arrepia quando você sobe lentamente os dedos pelas minhas costas, para desce-los mais devagar ainda e depois me espremer contra seu abdômen. Odeio querer ter de novo você me levantando com as mãos, sentando-me na bancada da cozinha e beijando lentamente meu pescoço e mordiscando os lobulos de minhas orelhas. Odeio gostar do seu cheiro quando você acorda; odeio sentir a tua falta quando levanta-se da cama. Odeio essa dor que dilacera meu peito de tanta saudade; odeio querer estar perto. Odeio lembrar você ao sentir o toque de outro homem. Odeio encontrar caras que, ao fechar dos meus olhos, consigam me enganar fazendo-me sentir estar contigo, mas ao abri-los fazem-me perceber que você está do outro lado da sala, bem perto... mas tão distante quanto um outro continente. Odeio ver você achando que tá sendo facil estar aqui fazendo carinho na nuca de outro homem e sorrindo como se tudo o que eu mais quisesse fosse estar realmente aqui, nesses braços.
Como pode achar que te esqueci tão fácil?
Odeio a sua ausência, odeio amar-te ao ponto de ser egoísta com o meu bem-estar e ceder à teus caprichos.
Odeio ver sua mão deslizar pelas costas de outras, quando ao chegar no fim do corredor, você se vira para trás para ver se ainda estou a te esperar. E você sabe que sim, que sem hesitar, eu sempre irei estar...
Sou sua.
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